As minhas crianças, que sabem acerca do Natal o suficiente para os seus quatro anos, passam o tempo à volta do presépio.
E, lá vão fazendo as suas perguntas: “O Jesus tinha frio?”; “A ovelhinha era do Jesus?”; “Porque é que a casa deles não tinha paredes?”; “Ó avó, a roupa do Jesus era de palha?”
Bom, o que eles ainda não podem entender é o exemplo de um homem e uma mulher extraordinários que para muita gente não são mais que meras figuras de presépio, mas sem os quais não haveria Natal – Maria e José.
Lucas 1: 26-38 – Maria sabe que vai ser mãe
O relato diz que ela ficou perturbada com a visita do anjo e a mensagem que ele trouxe.
Claro, Maria era virgem, nunca tivera relacionamento físico e, como se não bastasse, era desposada (promessa inviolável de compromisso, feita antes do casal coabitar). Tudo obstáculos para poder ser mãe…
Mas ela não recusou a ideia, com imensas dúvidas que a deixavam confusa, simplesmente questionou: como?
Depois, quando ficou a saber que era obra do poder de Deus, aceitou o arriscado privilégio sem temer as consequências que, em condições normais, a levariam a ser punida pela lei (Deuteronómio 22: 23-24).
“Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor;
cumpra-se em mim segundo a tua palavra...” – v. 38
Oh mulheres, mas que grande lição. Nós que vivemos numa sociedade de certezas e independência, que dispomos de recursos artificiais para concebermos, que temos ao dispor os mais variados métodos e meios para evitar os filhos, se fossemos confrontadas com uma situação igual à de Maria entrávamos em pânico. Talvez negássemos conhecer o Deus que nos fazia passar por tamanha vergonha e, se não houvesse uma saída minimamente credível para os outros, arranjávamos uma depressão.
Maria é um exemplo de serviço e lança-nos um desafio – que aceitemos a vontade de Deus, disponibilizando-nos para desempenhar qualquer trabalho, sem sentimentos de retracção ou de temor.
Mateus 1: 18-25 – José sabe que Maria vai ser mãe
José quando soube da gravidez de Maria ficou perplexo. Como não ficar? De certo, pensou que ela quebrara o compromisso que tinham.
Mas ele era um homem bom que, com certeza, mantinha uma boa relação com Deus e respeitava Maria. Só isso o podia levar a não querer difamá-la, nem condenar; não obstante, também não podia aceitar essa situação indigna por isso, após o impacto da notícia, pensou deixá-la sem dizer nada a ninguém.
Contudo, Deus revelou-lhe o seu propósito, incentivando-o a ultrapassar os preconceitos e as dúvidas.
E assim, José não só recebeu Maria como esposa (em sua casa), como respeitou aquela concepção tão especial e a preservou de ter relações até o bebé nascer.
“E não a conheceu até que deu à luz seu filho, o primogénito;
e pôs-lhe por nome Jesus.” – v. 25
Homens, a conversa agora é com vocês. O que fariam nestas circunstâncias? Deixem-me imaginar a dificuldade. Tudo o que possa lesar a vossa “masculinidade” e honra é tão adverso que o caminho mais fácil seria a limpeza da imagem com a incriminação da mulher.
Talvez fizessem com que ela fosse mal falada, talvez num ataque passional a matassem e, o mais provável, negariam o amor e justiça de Deus por não ter pudor em vos fazer passar pelo enxovalho da traição.
José é um exemplo de disponibilidade e lança um apelo - que deixemos Deus nos usar, quando e nas circunstâncias que Ele quiser, independentemente das nossas próprias dúvidas ou razões.
Na verdade, este é o Natal de Cristo a acontecer no coração dos homens, a transformar mentalidades e a permitir abandonarmos a nossa vida ao controlo divino!