"PORQUE EU SEI QUE O MEU REDENTOR VIVE"


domingo, 15 de maio de 2011

Sopa de Ocasião

Sinto-me privilegiada por ter conhecido muitos e dedicados homens de Deus de antigamente. Tempos socialmente difíceis e espiritualmente obscuros, com desafios constantes, em que o amor ao Evangelho se manifestava na disponibilidade e na ousadia.
Mais próxima de uns que de outros, guardo a lembrança de muitos e sinto um enorme respeito por todos eles.

O “tio” Luís Paiva era um homem de estatura baixa, calvo e de sobrancelhas fartas, tinha um sorriso enorme e olhos luminosos.

Ainda criança converteu-se ao Evangelho e, mesmo quando entrou no mundo do trabalho (tipografia) no qual se manteve até à aposentação, nunca deixou de anunciar a Palavra de Deus.
Membro da Igreja dos Irmãos nas Amoreiras, colaborou na abertura de diversas Casas de Oração a sul do Tejo e na zona de Sintra. Ao longo dos anos, percorreu vários pontos de pregação, evangelizou em hospitais e cadeias e, numa altura em que o analfabetismo era abundante, aproveitou para ensinar a ler e escrever nos locais a que se deslocava.

Morreu aos 87 anos, tendo servido ao Senhor até ao fim.

Uma noite, eu estava sozinha em casa quando ouvi a campainha e, ao abrir a porta, dei de cara com o “tio” Luís Paiva. Tinha ido pregar a uma igreja distante (creio que em Sines) e, de regresso, parou (na casa dos meus pais) para nos visitar e descansar um pouco.
Depois de algumas palavras, soube que ele não tinha jantado; logo, resolvi preparar-lhe uma refeição.
Na altura eu tinha uns 18 anos, já dominava bem a vida doméstica e era muito desembaraçada a solucionar situações inesperadas. Em boa hora, porque não havia nada feito e, convenhamos, havia pouco que pudesse ser feito.

Foi assim que saiu a minha "SOPA DE OCASIÃO"

Ingredientes:   Água temperada com pouco sal
                                    1/2 Caldo de carne
                                    um pouco de chouriço de carne
                                    1 colher de chá de azeite
                                    massa miúda q.b.

                                                                       Preparação:
Colocar uma panela pequena, com a água temperada de sal, ao lume. Quando ferver, juntar o chouriço partido em pedaços pequenos e a massinha, mexer e quando voltar a levantar fervura, baixar o lume e deixar cozer por 8 a 10m.
Por fim, juntar o azeite e o caldo de carne e mexer em lume brando até desfazer por completo.

Nota: Servir quente e acompanhar com papo-seco e azeitonas.

Há quem diga que a sopa é a consolação de um estômago necessitado.
Lembram-se quando Eliseu mandou o seu servo preparar um caldo para os filhos dos profetas numa altura em que houve fome em Gilgal (II Reis 4: 38)?
Ao contrário do caldo de Eliseu (II Reis 4: 39-41), a minha sopa feita de restos correu bem logo à primeira.
Este foi o recurso que encontrei para alimentar o "tio" Luís Paiva. Ele comeu com visível satisfação e lá foi elogiando o petisco.

Posso deixar uma dica?
Havendo água, não deixem de improvisar uma sopa, de modo a acudir às necessidades de um servo de Deus.

“Acudi aos santos nas suas necessidades, exercei a hospitalidade.” – Romanos 12:13
“Porque, se há boa vontade, será aceite conforme o que o homem tem e não segundo o que ele não tem.”
II Coríntios 8:12

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