"PORQUE EU SEI QUE O MEU REDENTOR VIVE"


domingo, 19 de junho de 2011

Nós e os Outros

“O Triunfo dos Porcos”, excelente romance de George Orwell, conta a história de uma revolução animal. Trata-se de um velho porco que incita os outros animais da quinta contra a exploração a que estavam sujeitos pelo dono. Tendo morrido em poucos dias, foi substituído na direcção da luta por três outros porcos que, expulsam o dono da quinta, promovem a auto-gestão e fazem progredir a economia da propriedade, bem como a igualdade e o desenvolvimento social dos animais.
Foi então que esses dirigentes se tornaram corruptos pelo poder e, numa assembleia, perante o desagrado demonstrado pelos outros animais, decretaram uma nova ética: “Todos somos iguais, só que uns somos mais iguais que os outros.”

Este é o ponto a que queria chegar porque, é bonito e soa bem essa coisa da igualdade, mas na prática, o que é que cada um de nós tem feito, sem que, lá atrás na nossa mente, não exista a ideia de que “uns somos mais iguais que os outros”?

Vamos imaginar que correspondíamos ao mandado de Cristo: “Ide e pregai o Evangelho a toda a criatura.”

Toda… que toda?
É que, na verdade, não só não atingimos, como nem sequer pensamos em certos segmentos da sociedade. Ou seja, fazemos um “apartheid”, mesmo que de forma inconsciente, no que toca à evangelização.
Sei que há algumas excepções… poucas! Conheço muitos crentes sem preconceitos… talvez alguns!
Mas, no geral, somos o espelho da sociedade em matéria de diferenças e descuramos tanto o acessório (os meios), como o essencial (a salvação de almas).

Posto que o Evangelho é para todos, vejamos as condições que oferecemos nos locais de culto:
- se todos conseguimos subir uma rampa, porque é que quando não há espaço suficiente para dois acessos se opta pelos degraus?
- quando somos visitados por estrangeiros, havendo na igreja quem saiba a língua, porque não se faz a aproximação para tradução do culto?
- porque não é promovida a formação em língua gestual para facilitar a evangelização de surdos?
- com a caridade feita na distribuição de alimentos aos sem-abrigo, porque não se fala de Cristo e não se indica uma igreja próxima?
E depois, temos ido às prisões, temos visitado as instituições de deficientes, temo-nos interessado pelos bairros degradados?
Quantas pessoas “diferentes” estão regularmente nas nossas comunidades? Dessas, quantas se converteram a Cristo já portadoras da diferença e fruto do nosso trabalho?

Cegos, surdos, malcheirosos, perfumados, pobres, ricos, sem-abrigo, estrangeiros, dependentes, limitados mentais ou motores, prostitutas, presos, “normais”..., todos; Jesus lidou com todos!
Mas nós, em vez de O imitarmos, mantemos a atitude daqueles que O acompanhavam e estranhavam os seus contactos perguntando: Porquê?
Talvez sejamos mais ousados: Para quê?

Vamos imaginar uma congregação onde possa existir uma miscelânea de gente a louvar a Deus, todos com direitos iguais?!

“Pois o Senhor vosso Deus, é o Deus dos deuses, e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem recebe recompensas.”
Deuteronómio 10: 17


(Imagine - John Lennon)

Um dia, na Pátria Celestial, o mundo de cada um será um só para todos os salvos. Acham que isto é utopia? Não faz mal, eu acredito à mesma e sei que, com os diferentes, pudemos, desde já, fazer a igualdade!

1 comentário:

Anónimo disse...

Olá Mimi, certa vez de visita à uma igreja. Ouvi uma rapaz, na EBD, ele admitiu que sentia preconceito racial. Ele disse também que era honesto em admitir isso. Nós que temos sentimento verdadeiro a Cristo, por mais que dói admitir, temos que orar muito para tirar essa mal, principalmente de dentro da igreja. É vergonhoso o despreparo da igreja em relação aos menos iguais. Portanto minha oração hoje é por esse tema.
um beijo no coração
Marisa Braig