"PORQUE EU SEI QUE O MEU REDENTOR VIVE"


sábado, 26 de novembro de 2011

A Fragrância


A minha cadela chama-se Alfa, tem 9 anos e é uma amiga muito querida e fiel.

Já uma vez aqui falei dela porque o seu comportamento tem coisas que me dão que pensar.



Quando voltamos a casa e ela começa insistentemente a cheirar a escada e a porta, e depois entra a correr à procura de alguém, sei que um dos meus filhos aqui esteve durante a nossa ausência.

Mas, outro dia, ainda a meio da rua, ela pôs-se de nariz no ar a farejar incessantemente. Eu puxava-a, mas ela insistia em parar e empinar o nariz em determinada direcção e só deixou de o fazer quando entrámos no pátio de casa.
Mais tarde, soube que a minha filha quinze ou vinte minutos antes da nossa chegada tinha subido a rua a pé.

Quando isto aconteceu, lembrei-me das palavras de Paulo:
“Graças a Deus, que em Cristo sempre nos conduz em triunfo e, por meio de nós, manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento.
Porque nós somos para Deus o bom perfume de Cristo; tanto nos que são salvos, como nos que se perdem.”
II Coríntios 2:14-15

Eu gosto dos aromas naturais. E então, qual deve ser o aroma natural do cristão? A minha fragrância espiritual, será reconhecida pelos outros como “o bom perfume de Cristo”?

Espero que sim! Usar esse maravilhoso privilégio é um desejo sempre e cada vez mais presente em mim.
O aroma que, onde quer que esteja, deixe o ambiente impregnado pelo exemplo da vida de Jesus em: santidade, amor, serviço, gratidão e humildade. Pode até ser que esse cheiro enerve os meus inimigos, mas, desde que o reconheçam, fico tranquila.
Exalar o perfume do Cristo que habita em mim e deixar esse aroma tanto hoje, por onde passar, como para memória futura é uma prioridade de vida, à imitação de muitos servos de Deus que tenho conhecido e cujo aroma permanece na minha memória.

Oração: Pai concede-me a firmeza, fidelidade e exemplo aprovado por Ti, para deixar o rasto do bom perfume de Cristo por onde quer que eu passe.

sábado, 19 de novembro de 2011

Sem Palavras

Pr. Abel Rodrigues
Início do Ministério U.B.



A primeira memória que tenho deste homem, vem do tempo em que eu tinha aquele tamanhinho que exemplificamos quando esticamos a mão abaixo da cintura e de quem mais tarde dizemos “andou comigo ao colo”... e andou mesmo!





Muitas vezes dou comigo a pensar nele com uma enorme ternura por tudo o que representou para mim. O Pr. Abel Rodrigues foi, sem dúvida, o meu pai na fé.
Levou-me até aos pés da cruz e com ele fiz a mais importante decisão da minha vida; ensinou-me a esmiuçar os textos bíblicos; orou por mim; foi amigo e conselheiro. Devo-lhe uma boa parte da mulher que hoje sou.
Talvez por isso, não posso esquecê-lo e não deixo de o amar!

Abel Pinheiro Rodrigues, nasceu a 23.06.1921 e a 17.11.2006 foi encontrar-se com o Pai.
Homem de uma lucidez e sensibilidade extraordinárias; com enorme sabedoria e inteligência espiritual; de grande firmeza doutrinária e teológica; rigoroso, exigente e dedicado; contra todas as imprevisibilidades e vicissitudes com que a vida o traiu, nunca deixou de amar o seu Mestre.
Teve formação em enfermagem, mas a sua paixão prioritária era a Palavra de Deus por isso, quis aprofundar os seus conhecimentos e, o que era invulgar naquele tempo, foi estudar numa escola teológica (Instituto Bíblico Emaús, na Suíça).

Com uma visão de ministério muito avançada para a época, aos 28 anos fundou a União Bíblica (U.B.) em Portugal.
Ainda nesse ano (1949) tornou-se pioneiro dos Campos Bíblicos do nosso país, no Carrascal (Sintra), com a ideia de proporcionar aos jovens crentes uma semana de retiro espiritual e de convívio durante as férias de Verão. Também nisso inovador porque, além da U.B. ser interdenominacional, os acampamentos eram mistos (numa época em que até as escolas eram separadas por sexo).
Com o mesmo objectivo, em 1953, deu início a acampamentos para crianças.
E, conforme vocação da U.B., editou notas explicativas para crianças e adultos, inicialmente traduzidas e/ou escritas por si próprio, como complemento e incentivo à leitura diária da Bíblia.
Foi seu o primeiro e criterioso trabalho de recolha, tradução e adaptação de cânticos que formaram o hinário da U.B.; posso afirmar que são hinos e coros lindos, carregados de mensagem e que nos convidam à meditação e deleite.
Apesar das excelentes adaptações que fez e de saber tocar órgão, dizia não se sentir capaz de ele próprio escrever um cântico, mas, incentivado por um amigo estrangeiro, certa noite começou a pensar naquilo de que as crianças gostam e do que precisam e, na manhã seguinte tinha feito (letra e música) o primeiro e único cântico de sua autoria:

Andar, saltar, correr e brincar,
É bom, alegre e faz-nos crescer;
Porém, parar um pouco e pensar,
Também faz bem e juízo ter.
É bom lembrar que Cristo nos vê,
Nos ouve e sabe o que vai em nós,
Assim, devemos d’Ele aprender,
Segui-lO, amá-lO e escutar Sua voz.

Fiel à chamada do Senhor, junto com a sua esposa, Dª Maria Amélia, serviu durante 38 anos como Secretário-Geral da U.B., ministério que muito amou e onde deixou a sua indelével marca.
Muito importante na vida de imensas crianças e jovens, hoje adultos, quero acreditar que, enquanto um de nós estiver vivo, a influência espiritual que transmitiu não será esquecida.

Em jeito de homenagem, quero caracterizar a minha admiração, lembrando:
~ A forma clara, arguta e atraente como expunha as Escrituras, ao ponto de alguns de nós (campistas), após o estudo bíblico ou a pregação, ainda ficarmos a trocar impressões com ele. Recordo-me muito bem de alguns dos estudos que fizemos e mesmo de pormenores do que aprendi.
~ Os seus olhos rasos de lágrimas quando falava do amor de Deus e do sacrifício salvífico de Cristo.
~ A sua inconfundível e incisiva dicção, que não nos deixava indiferentes àquilo que queria transmitir.
~ A forma como segurava a Bíblia numa mão e mexia a outra enquanto pregava, tornando o discurso dinâmico.
~ O silêncio reflectivo com que ouvia música clássica que tanto admirava. Devo-lhe os meus primeiros conhecimentos sobre as obras de grandes compositores.
~ O quanto nos divertíamos e riamos, com os nossos jogos de batalha-naval que ele próprio me ensinou e, quase sempre, ganhava.
~ A exigência de pai atento que sempre exerceu sobre as crianças e jovens que lhe eram confiados.
~ O facto de me ter visitado quando, aos 11 anos, fui atropelada ficando em perigo de vida e de, durante o acampamento desse ano, me ter escrito um postal assinado por todos os campistas.
~ Que, ao longo dos anos, sempre que lhe escrevi para pedir uma opinião, a dar uma novidade, ou simplesmente para dizer: "Olá!", nunca me deixou sem resposta.
~ As muitas horas que passávamos a conversar e a desabafar. E, as diversas vezes, em que, a meio da conversa, agarrava na Bíblia, ia directo a uma passagem, lia com a sua perfeita dicção e rematava: “É isto, que mais podemos dizer?”.
Nos últimos tempos recordávamos muito aquilo a que eu chamo “os anos de ouro da União Bíblica”, o Pr. Abel contava detalhes do seu tempo no activo e dos projectos que tinha se tivesse continuado. Ambos achávamos que a história da U.B. em Portugal devia estar relatada e documentada em livro, mas isso nunca foi feito e, infelizmente, a fonte principal já não está connosco.
~ Como até ao fim, ou seja, até a doença lhe ter retirado qualidade física e faculdades mentais, lhe pedi conselhos que nunca recusou dar, por vezes com respostas imprevisíveis.
~ Que na nossa relação, figuravam valores de amor, respeito e amizade. Foram anos muito ricos.

Faz hoje 5 anos, fiz-lhe a última visita, lá no nosso local de eleição, onde o chão é sagrado. O seu corpo esteve na Capela do Carrascal, de onde a urna saiu coberta pela bandeira da U.B., o que equivale a dizer que: saiu daquela que era, por direito, a sua casa.
À noite o luar estava lindo, muitas estrelas cintilavam no céu; uma mais luminosa que as outras… sorri-lhe!

Sem palavras porque, tudo quanto disse, fica aquém do que sinto e do que ele merecia.
Ele faz-me muita falta!


“…Bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas fadigas, pois as suas obras os acompanham.” Apocalipse 14:13

sábado, 12 de novembro de 2011

O Mistério

Desde criança que gosto de ler, de manusear livros e de não me desfazer deles. De uma grande parte, guardo na memória a ideia fundamental do texto e até uma ou outra frase.

Devia ter uns 17 ou 18 anos quando, numa das minhas idas à Feira do Livro de Lisboa, encontrei um livro cujo título (“Rumo à Felicidade”) me chamou a atenção. Dei uma vista de olhos pela introdução e o índice, li a síntese curricular do autor (Pd. Fulton Sheen), de quem nunca tinha ouvido falar, e comprei o livro.

Já o reli algumas vezes, em tempos e estados de alma diferentes, mas, desde a primeira leitura, há uma frase que nunca esqueci:
“O grande mistério não é a razão porque amamos,
mas porque somos amados.”

Tem tudo a ver com relacionamentos e para mim, que gosto de dar, mas fico constrangida quando recebo, é perfeitamente percebível. Não que me subestime, mas porque tenho receio de não ser suficiente… e sim, amo, há casos em que amo mesmo muito.
Também não fico obnubilada quanto ao temperamento dos que, supostamente, gostam de mim, mas tenho sempre presente uma íntima gratidão.

Porém, o mais importante é quando isto tem a ver com O divino. Não há como dissimular a diferença entre mim e Ele ou omitir a pergunta: Porque será que Deus me ama?
Aí está algo a que a Bíblia não responde. Não faz mal, afinal de contas, Ele é amor!
E, mesmo não conseguindo entender porque é que Deus insiste em me amar, à medida que mais me relaciono com Ele, mais o meu próprio amor aumenta e se fortalece. Então, isso faz-me saber não o porquê, mas para quê!

Considerações Bíblicas sobre o Amor - I João 4:7-21


“Amados, amemo-nos uns aos outros, porque o amor procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.

Aquele que não ama não conhece a Deus, pois Deus é amor.


Nisto se manifestou o amor de Deus em nós, em haver Deus enviado o seu Filho unigénito ao mundo, para vivermos por meio d’Ele. Nisto consiste o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que Ele nos amou, e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.

Amados, se Deus de tal maneira nos amou, devemos nós também amar uns aos outros.

Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor é em nós aperfeiçoado. Nisto conhecemos que permanecemos n’Ele, e Ele em nós, em que nos deu do seu Espírito. E nós temos visto e testemunhamos que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo.

Aquele que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele em Deus.

E nós conhecemos e cremos no amor que Deus nos tem. Deus é amor; e aquele que permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele. Nisto é em nós aperfeiçoado o amor, para que no dia do juízo mantenhamos confiança; pois, segundo Ele é, também nós somos neste mundo.

No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo. Ora o medo produz tormento; logo, aquele que teme não é aperfeiçoado no amor.

Nós O amamos porque Ele nos amou primeiro.

Se alguém disser: ‘amo a Deus’, e odiar a seu irmão, é mentiroso. Pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.

Ora, temos da parte d’Ele este mandamento: que aquele que ama a Deus, ame também a seu irmão.

Obrigada pelo vosso carinho; eu também vos amo!

sábado, 5 de novembro de 2011

Pecado e Embaraço

“Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta.” Hebreus 12:1

Este é um dos meus versículos favoritos. Lembrei-me de o trazer hoje, porque acho que tem muito a ver com o último tema (Decisões).

Então, vamos dissecar os dois termos que tomam relevância neste texto bíblico – Pecado e Embaraço.
Todos sabemos que pecado é erro (errar o alvo) e que está amplamente identificado na Palavra de Deus.
Já embaraço, é estorvo (atraso no avanço) e materializa-se em tudo o que viola os nossos valores, o que é tropeço para os outros, o que não traz benefícios espirituais e o que nos vicia…
Mas atenção porque, do embaraço para o pecado, vai um passo curto, ou seja, deixando a ignorância e tomando consciência das implicações, se não tomarmos medidas para mudar, já estamos a ser livremente escravizados.

Quando era professora de jovens na EBD, levei a classe a realizar o seguinte exercício.
Sugeri uma corrida, marquei um percurso e escolhi três alunos: um para correr livre, só com a sua roupa; outro com os pés amarrados, um peso em arrasto e as mãos atadas atrás das costas; e o terceiro com um livro na cabeça e uma pedrinha dentro do sapato.
Como era de esperar: o primeiro chegou à meta sem dificuldade; o outro, simplesmente não chegou, tendo-se debatido com desvios e quedas (pecado); e o terceiro chegou muito atrasado, depois de se ter confrontado com diversas dificuldades de equilíbrio (embaraço).

Na prática, pode dizer-se que o pecado não nos permite competir; enquanto que o embaraço nos restringe a agilidade.
Não é à toa que os atletas, além de se exercitarem e terem uma alimentação equilibrada, usam roupa e calçado adequados à mobilidade. Esta é a preparação que se espera dos crentes.

Quer dizer que só se é verdadeiramente crente quando se é perfeito?
“Não que eu o tenha já recebido ou tenha já obtido a perfeição; mas prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prémio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” Filipenses 3:12-14

Mesmo sendo crentes, se a nossa natureza é pecaminosa, não é normal pecarmos?
“… Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado.” – João 8:34

E o embaraço, por comparação ao pecado, não é relativo?
“Todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas são lícitas, mas nem todas as coisas edificam.” – I Coríntios 10:23



Por isso o autor da epístola compara a vida cristã (carreira) a uma corrida e nos diz para deixarmos não só o pecado, mas também o embaraço e corrermos com perseverança até atingirmos o alvo.