De nacionalidade britânica, Florence Nigthingale nasceu em Florença, Itália, a 12 de Maio de 1820, durante uma viagem dos pais pela Europa.
A sua educação (e da irmã 1 ano mais velha) esteve a cargo de professoras particulares e, mais tarde, do pai, com quem aprendeu entre outras matérias os clássicos, política e a Bíblia, mas a matemática foi a disciplina que mais a seduziu.
Desde cedo preocupada com o bem-estar dos outros, especialmente dos pobres e das crianças, os costumes da alta sociedade, à qual pertencia, cansavam-na.
Os pais, embora professassem a religião Unitária, preferiram que as filhas fossem educadas na igreja da Inglaterra, sendo que esta influência teve um papel importante na vida de Florence.
A 07 de Fevereiro de 1837, no silêncio do seu quarto, ao pensar num rapazinho pobre e muito doente que visitara, questionou-se: “Como posso ter tanto e eles tão pouco? Que posso eu fazer?” Depois, pediu que Deus a orientasse e certa da vontade divina, escreveu numa folha de papel “Hoje Deus falou-me e chamou-me ao Seu serviço!”
Em 1839, já com a educação escolar concluída, foi apresentada na corte à jovem rainha Vitória.
Por essa altura, muito contra a vontade da mãe, resolveu ir aprofundar os estudos de matemática, cujo interesse tinha muito a ver com métodos estatísticos que lhe vieram a ser muito úteis. Mas nunca deixou de ajudar os necessitados.
Em 1845, mesmo contra a vontade da família, decidiu desenvolver os seus conhecimentos em cuidados de saúde. Nessa época a enfermagem não era bem vista como ocupação para uma menina de educação esmerada; as enfermeiras, além de não terem preparação, tinham reputação de serem vulgares, ignorantes e dadas à promiscuidade e bebedeiras.
Durante uma viagem pela Europa e Egipto, teve oportunidade de verificar os diferentes sistemas hospitalares existentes e, no início de 1850, começou o seu treinamento no Instituto São Vicente de Paula em Alexandria. Em Julho do mesmo ano, visitou o hospital fundado pelo Pr. Flidner, na Alemanha. E, no ano seguinte, fez um estágio de três meses no Instituto das Diaconisas Protestantes em Paris.
De volta a Londres, em 1853, aceitou um convite para o cargo de Superintendente do “Hospital para Senhoras Enfermas”. Sem qualquer vencimento, mas usufruindo da parte da sua herança familiar, Florence desenvolveu ali um grande trabalho de cuidados, ensino, higienização e humanização.
Mais tarde, o Dr. Bowman, director clínico do hospital, convidou-a para assumir a direcção da secção de enfermagem do hospital do King´s College, onde começou a idealizar a criação de uma escola de enfermagem.
Em Março de 1854 iniciou-se a guerra da Criméia, onde milhares homens ficaram feridos. Devido às críticas do jornal “The Times” às instalações hospitalares britânicas, o Secretário do Ministério da Guerra, escreveu a Florence pedindo que se tornasse Administradora da Supervisão para introdução de enfermeiras nos hospitais militares. Florence aceitou e seguiu para Scutari, na Criméia, com 38 voluntárias que tinha ensinado.
Devido à dureza do trabalho e à febre de que foi atacada na Criméia, em1855 esteve gravemente doente, mas mesmo debilitada, recusou-se a regressar a Londres.
Em Inglaterra todos oravam pela sua saúde, tal o impacto que o seu trabalho desencadeara na opinião pública.
No Parlamento, fizeram-se discursos enaltecendo o trabalho de Florence e decidiram criar a Fundação Nigthingale.
Entretanto, os conhecimentos de matemática deram o seu fruto. Ela recolheu dados e executou cálculos e estatísticas que demonstravam a necessidade de uma reforma nos cuidados de saúde e nas condições sanitárias tanto nos hospitais militares como nos civis. Essas conclusões levaram a rainha Vitória a convidá-la, para dar conta do êxito do trabalho na Criméia, o que gerou alguma intimidade e influência junto da monarca.
Em 1860 Florence fundou a Escola de Enfermagem Nightingale e a Casa das Enfermeiras, ambas inseridas no hospital St. Thomas, em Londres, financiadas pela sua Fundação. Com estas iniciativas, conseguiu que a enfermagem abandonasse o passado desprestigiado e deu vida a uma carreira feminina responsável e respeitada.
Posteriormente, a pedido do Gabinete de Guerra Britânico, prestou assessoria sobre cuidados médicos para as forças armadas no Canadá e foi consultora do governo americano sobre saúde militar.
Desde cedo foi apelidada de “A Senhora da Lâmpada”, pelo facto de utilizar uma lanterna para auxiliar na iluminação para os cuidados nocturnos aos enfermos.
Publicou cerca de 200 livros e relatórios, incluindo o primeiro livro de ensino da enfermagem “Notes on Nursing”, traduzido em várias línguas.
Foi premiada com a Cruz Vermelha Real (1883) pela Rainha Vitória e foi a primeira mulher a receber a Ordem de Mérito (1907).
Durante uma boa parte da sua velhice esteve acamada devido aos efeitos da febre da Criméia, mas nunca deixou os seus estudos para melhorar os serviços de saúde.
Faleceu na sua casa em Londres, a 13 de Agosto de 1910, com 90 anos de idade.
Dos eventos comemorativos da sua obra, destaca-se o
“Dia Internacional do Enfermeiro”
que hoje se comemora.
Aqui fica, também, a minha homenagem a Florence e a todos os enfermeiros e enfermeiras que, mais que uma profissão, cumprem um sacerdócio.
Este foi um dos meus sonhos perdidos!
1 comentário:
Querida Mimi
Que grata surpresa, este texto tão interessante sobre a Florence!
Lindo, lindo!
Como poderá imaginar...gostei e apreciei muito.
Obrigada por a partilha.
Um beijo
Viviana
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