Gosto muito de recordar pessoas, locais e situações que deram cor à minha vida e, por algum motivo, me incentivaram.
É aí que entra um crente que conheci na pré-adolescência, teria ele a idade que eu tenho hoje. Eric Barker, missionário inglês que fundou e pastoreou a Igreja Evangélica da Foz, no Porto. Um homem segundo o coração de Deus que, apesar das provações que fizeram a sua história (um dia falarei disso), sempre foi fiel.
Quando ele orava, eu ficava sossegadinha, a olhá-lo e a ouvi-lo. O rosto dele iluminava-se e, com um sorriso e uma doçura quase infantis, falava com o Pai.
As suas orações começavam sempre por: “Aba, Pai, meu Paizinho querido”.
Aba é uma palavra de raiz aramaica usada pelos judeus como forma carinhosa de tratamento ao progenitor e uma das primeiras palavras que as crianças aprendiam.
Podemos dizer que equivale às expressões portuguesas: “paizinho”, “papá” ou “pai querido”.
Relativamente a Deus, trata-se de uma forma muito intensa e íntima de dizer “Pai”.
Há textos de alguns historiadores que relatam que os primeiros cristãos utilizavam o termo “Ab•bá” nas suas orações.
Esta forma de tratamento não aparece no Velho Testamento, nem sequer na expressão simples de “Pai” porque nenhum judeu ousaria chamar Jeová com termos tão familiares. Na verdade, eles sabiam que havia uma enorme distância entre Deus e o homem.
Aba aparece escrita no Novo Testamento por três vezes; e a expressão “Pai” é, de todos os nomes de Deus, o que Jesus usou com mais frequência (mais de 200 vezes), denotando uma íntima afeição. Alguns exemplos disso, são:
Aos 12 anos, na primeira narração bíblica das palavras de Jesus:
“Porque me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?” – Lucas 2:49;
Quando Jesus ensinou os discípulos a orar:
“Pai nosso…” – Lucas 11:2;
No Getsêmani, talvez o momento mais difícil e mais profundo:
“Aba, Pai, tudo te é possível; passa de mim este cálice; contudo, não seja o que eu quero e sim o que tu queres.” – Marcos 14:36;
Quando estava na cruz, Ele proclamou:
“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” – Lucas 23:46.
Este é um dos maiores privilégios dos crentes, a intimidade e cumplicidade que o sangue de Cristo nos transmitiu, permitindo que falemos directamente com Deus e possamos dizer: “Aba, Pai, meu Paizinho querido”.
“Porque não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes outra vez atemorizados, mas recebestes o espírito de adopção, baseados no qual clamamos: Aba, Pai!” – Romanos 8:15
3 comentários:
Querida Mimi
Mas que texto tão belo!
Comoveu-me...
As lágrimas afloraram aos meus olhos.
É mesmo como diz.
Esta forma tão carinhosa, tão especial, tão terna...de dialogarmos com o Senhor.
Ao ler lembrei-me da minha nora/filha - Anabela, pois é assim, nestes termos tão doces que ela fala com o Pai.
Não se importa que "eu leve" para partilhar com os meus amigos no meu espaço?
Obrigada
Beijos
viviana
Sim querida amiga, esteja à vontade.
Na verdade, não é mais que um testemunho e uma reflexão. Eu amo essa expressão!
Os nossos irmãos africanos também usam dizer "Papá" quando oram. Não sei se tem essa experiência, mas é lindo.
Obrigada por ter gostado.
Que texto tão profundo. Enquanto lia visualizava Deus de mãos dadas comigo. Isso mexeu muito comigo.
beijão
A Paz de Cristo, e que Ele te cubra sempre de bençãos.
Marisa
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