"PORQUE EU SEI QUE O MEU REDENTOR VIVE"


sábado, 4 de maio de 2013

Poder para Testemunhar

No Domingo passado, a propósito da pregação (versando Missões Mundiais), comecei a pensar nas palavras de Jesus aos discípulos,

logo após a ressurreição: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.” – Marcos 16:15

e imediatamente antes de subir ao céu: “Recebereis o poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra.” – Actos 1:8

Como se vê, não há acepção de pessoas, nem de proximidade; é mesmo para todos e em qualquer lugar.
O apelo que o Pastor lançou foi de cada salvo conseguir uma alma para Cristo.
Óbvio que o sentido de “uma” não é de dever cumprido, mas de continuidade; e, para os novos convertidos vai também essa incumbência, na certeza de que recebemos do Espírito Santo a sabedoria e o poder para testemunhar.



A propósito de missões e homenageando todos os que, sem olharem ao lugar e às condições, cumprem a ordem de Jesus, vou partilhar uma experiência de quando era pequena, também como memória para os meus filhos e netos.

Devia ter os meus 7 ou 8 anos quando os meus pais, junto com uma meia dúzia de outros crentes que, em Almada, se reuniam em casa uns dos outros, abriram a chamada Missão do Valdeão. Esse foi o ponto de partida para fundarem a OMECA – Obra Missionária para Evangelização do Concelho de Almada.
Desengane-se quem pensa que vivíamos num país com liberdade religiosa. A perseguição já não era descarada, mas o trabalho só se fazia fruto de muita fé e teimosia.

Falemos do Valdeão, no Bairro do Matadouro - concelho de Almada. Havia ali uma larga zona  só com algumas árvores. Foi lá que tudo começou, com cultos ao ar livre. Mais além, um aglomerado de barracas. Local de enorme pobreza.
As ruas eram de terra; a luz e a água não tinham chegado lá; as barracas, quase todas de madeira, não tinham as menores condições; os animais estavam a portas com as pessoas quer fossem domésticos, de criação ou de rendimento.


Eu no centro, minha mãe à esquerda de casaco





Foi numa barraca alugada, divisão única e pequena, anteriormente curral, que passou a ser a Casa de Oração.
Meu Deus, tinha tantas pulgas que, tenho comichão, só de pensar.






Apesar das limitações financeiras e de espaço, foram feitos arranjos nas paredes, tecto  e  chão; pôs-se uma cortina na pequeníssima janela de fundo, um naperon branco de croché (feito pela minha mãe) e uma jarra sobre a mesa, umas quantas cadeiras e, junto à porta, uma pequena estante com os hinários e folhetos; a iluminação era feita com um petromax.
As pulgas continuavam por lá, mas nós sobrevivíamos.
Para chegarmos à Missão, calcorreávamos alguns quilómetros, grande parte por azinhagas. Para mim, o pior era ir aos cultos da noite... a escuridão era imensa e, apesar de me divertir a tentar apanhar os pirilampos, ficava cheia de medo quando me pregavam sustos ou ouvia qualquer ruído inesperado.

Escola Dominical - eu sou a primeira à direita; à esquerda a minha mãe, vestida de preto
A tarefa evangelizadora e beneficente foi-se desenvolvendo e alguns moradores converteram-se ao Evangelho. Um grande impulso foi a Escola Dominical, frequentada por toda a criançada do bairro. O trabalho da Missão ia dando os seus frutos!
Uns anos mais tarde, criou-se uma urbanização naquele lugar e um dos membros do grupo fundador foi para lá morar, tendo disponibilizado uma sala para os cultos.
Depois, deixou de existir o bairro de barracas, alguns moradores foram para outros locais, mas vieram outras pessoas para as casas novas.
Ao que soube, pois já não acompanhei, passados mais alguns anos, os irmãos que se mantiveram na OMECA compraram instalações próprias e, creio, ainda hoje uma igreja local ali se reúne.

É obrigação dos crentes terem visão missionária, no “Valdeão” ou no mundo, num bairro pobre ou num lugar mais confortável; sempre valorizando o Evangelho e não as aparências porque, por mais adverso que seja o ambiente, o Espírito Santo dá poder para testemunhar!

1 comentário:

Anónimo disse...

Mimi, esta foto me lembra a minha infância. Morava num bairro assim parecido. Quando ia missionários e davam testemunhos eu viajava na história. Já evangelizei muitas vezes em bairros assim. E via a esperança nos olhos das pessoas quando pela primeira vez ouvia do evangelho. É uma pena que hoje não o faço. Mas estou lutando para reverter esta situação. Ore por mim nesse sentido.
beijos
Marisa