"PORQUE EU SEI QUE O MEU REDENTOR VIVE"


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Memória do Holocausto

Nos últimos 5 anos, temos assistido a palavras e atitudes de negação e tentativa de branqueamento do holocausto nazi.
Eu gosto de ter a memória viva; e, seja lá o que for que os outros pensem, não quero apagar o passado que vivi ou de que tenho fundamentado conhecimento, seja ele bom ou mau.
Por isso, em memória de todas as vítimas, hoje lembro e homenageio Corrie, diminutivo porque era conhecida Cornélia ten Boom.


Corrie, relojoeira holandesa, nascida a 15 de Abril de 1892 numa família cristã reformada, deixou-nos “O Refúgio Secreto”, uma autobiografia fascinante, com relatos do que se passou com a sua família durante a 2ª Guerra Mundial.
O título do livro que, posteriormente, deu origem ao filme com o mesmo nome é uma referência ao espaço físico onde a família escondia os judeus, mas também à passagem bíblica do Salmo 119: 114 que diz:

"Tu és o meu refúgio e o meu escudo;
na Tua palavra eu espero."


Casa dos ten Boom (hoje museu)
Quando se deu o início da 2ª Guerra, Corrie vivia com o pai e a irmã Betsi na casa de família onde tinham o negócio de relojoaria. A mãe já tinha morrido e uma outra irmã e o irmão já tinham casado.
Foi nessa casa, onde se respirava o amor de Deus, que esconderam diversos judeus, livrando-os da morte durante a ocupação nazi.
Mas, acabaram por ser descobertos, presos e enviados para um campo de concentração onde Casper, o pai, veio a morrer. Posteriormente, ela e a irmã foram enviadas para o Campo de Ravensbruck, na Alemanha, onde Betsi morreu.


Apesar das adversidades, Corrie nunca deixou de pregar a Palavra e ajudar os que se encontravam mais fracos, desencadeando a sua luta com a única arma que conhecia, o amor de Deus.

A 26 de Dezembro de 1944 recebeu a liberdade, vindo a saber mais tarde que isso acontecera devido a um erro burocrático onde, mais uma vez, ela reconheceu o amor de Deus e o dever de O servir.
Por isso, após a guerra, deu palestras em mais de sessenta países sobre a sua experiência com o holocausto, com enfoque no amor de Deus e no perdão. Numa dessas palestras, na Alemanha, estava presente um dos mais cruéis guardas do Campo de Ravensbruck. Ela aproximou-se, duvidando poder perdoá-lo, mas, ao mesmo tempo, pedindo a Deus para que conseguisse fazê-lo.
São suas as palavras:
“Por um longo momento, nós apertámos as nossas mãos, o ex-guarda e a ex-prisioneira.
Eu jamais havia conhecido o amor de Deus tão intensamente quanto naquela hora.”
Corrie faleceu no dia em que fazia 91 anos de idade.

Campo de Concentração de Ravensbruck
O seu trabalho e envolvimento foi reconhecido e homenageado em diversas ocasiões, diferentes países e por várias personalidades.
Para mim, o principal reconhecimento foi dado pelo Estado de Israel, quando a convidou a plantar uma árvore na Avenida dos Justos, em Yad Vashem, próximo a Jerusalém (local que já tive o privilégio de visitar), onde são lembrados as vítimas e, também, os defensores dos judeus.
A ideia do nome Yad Vashem - um memorial e um nome - teve origem no versículo de Isaías 56: 5


"E a eles darei a minha casa e dentro dos meus muros um memorial e um nome..., que não se apagará."

Leiam “O Refúgio Secreto” e/ou vejam o filme (editado em Portugal pelo Núcleo e à venda em diversas livrarias evangélicas).
Que o exemplo de Corrie sobre aquilo que o amor de Deus pode fazer nas nossas vidas e na daqueles que nos rodeiam seja um incentivo ao nosso testemunho pessoal.
E, por favor, não deixem que os factos sejam apagados ou fiquem esquecidos. A 2ª Guerra Mundial é muito recente (teve lugar de 1939 a 1945), provocou uma das mais cruéis destruições da história, fez cerca de 70 milhões de mortos e aproximadamente 28 milhões de mutilados. Ainda há sobreviventes vivos, não os pudemos ignorar.

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