"PORQUE EU SEI QUE O MEU REDENTOR VIVE"


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Água Viva

De forma espontânea, sempre que leio, imagino as cenas, e gosto disso. Na postagem anterior descrevi a forma como vejo o relato bíblico acerca da mulher samaritana.
Porém, o mais importante é esmiuçar o texto e dele retirar ensinamento. Por isso, voltemos a João 4, alargando a leitura até ao versículo 42.


Quando Jesus decidiu passar por Samaria, sem dúvida, infringiu a lei, mas a verdade é que, enquanto Deus, Ele sabia que ia encontrar aquela mulher e que, através desse contacto, podia salvar muitas pessoas.
Enquanto homem, o encontro foi puramente incidental pois Jesus nada tinha a fazer ali se não encurtar caminho para a Galileia.
Na prática, acabou por ser uma viagem evangelística, não agendada, que seguiu o rumo que Ele viria a ordenar antes de subir aos céus (Actos 1: 8).

Depois de Jesus e os discípulos terem caminhado cerca de 100 km, o cansaço, a fome e a sede eram algo natural e evidente. Daí os discípulos se terem afastado para irem comprar comer (v. 8).
No entanto, também podemos constatar uma influência providencial, porque este encontro de Jesus com a mulher teria sido prejudicado por preconceitos, perguntas e comentários se os discípulos estivessem presentes.

A mulher de Samaria tinha tudo contra ela, mas foi quando se encontrou com Jesus que os contrastes se acentuaram, vejamos:
      Ele puro (Deus) - ela impura (pecadora);
      Ele homem - ela mulher (era hábito aos homens evitarem falar com mulheres na rua);
      Ele judeu - ela samaritana (povos inimigos);
      Ele com completo conhecimento acerca da mulher - ela sem saber quem Ele era.
Todos nós somos diferentes uns dos outros, mas é quando comparados ao Mestre, que os contrastes são potenciados.
A boa notícia é que, quando nos pomos ao seu dispor, acontece a transformação e as diferenças vão-se reduzindo.

Por isso, foi também nessa altura que se dissiparam as distâncias, atenuaram as diferenças e se desenrolou o diálogo da transformação:
      Vs. 7 e 10 – Jesus, homem, teve sede e pediu água à samaritana - Jesus, Deus, inverteu a situação e passou da sua necessidade física à necessidade espiritual da mulher;
      Vs. 12 a 14 – A mulher sabia que aquele poço tinha água viva (leia-se potável), um bem essencial à sobrevivência física - Jesus estava a oferecer-se a si próprio, a verdadeira Água Viva, absolutamente pura e espiritualmente purificadora;
      Vs. 15 a 18 – A samaritana pensava em termos materiais - Jesus levou-a a reconhecer e a confessar o seu estado espiritual (moral e social);
      Vs. 19, 25 e 26 – Ela vendo em Jesus características especiais, julgou que era um profeta - Jesus, oportunamente, colocou à mulher a condição de que O reconhecesse na sua essência;
      Vs. 20 a 24 – A mulher apresentou todo o conhecimento religioso que tinha - Jesus deu-lhe uma lição de teologia;
      Vs. 16, 28 e 29 – Jesus, enviou a mulher como mensageira da Boa Nova - Ela, já sem problemas em contactar com as outras pessoas, não hesitou em transmitir tudo quanto tinha ouvido.
Com certeza, ainda muito houve a transformar na vida da samaritana, mas o essencial estava feito.
Aqui se demonstra a identidade dos crentes em Cristo, porque a salvação não é um dístico ou um hábito que se acrescenta à nossa existência; é, sim, uma mudança de paradigma de vida. Pois só experimentando e amadurecendo a transformação em nós é que podemos crescer na nossa salvação.

Ainda acerca desta passagem de Jesus por Samaria, podemos verificar que:
      1- Jesus, quando instado pelos discípulos para que comesse - e Ele tinha fome -, sabia que essa não era a necessidade prioritária (vs. 31 a 34), por isso, respondeu que o seu alimento "é fazer a vontade do Pai".
Grande ensinamento para nós que muitas vezes vemos os campos brancos para a ceifa, mas temos a presunção de querer esperar pelo nosso tempo (v. 35) para realizar a obra do Senhor.
      2- Após a mensagem entregue pela mulher (v. 39), aquela gente quis beber na fonte (v. 40) e, ouvindo o Salvador, creram (vs. 41 e 42).
Não deixemos de fazer o trabalho a que somos chamados, mas não para receber os louros da colheita porque a verdadeira conversão advém do contacto pessoal com Cristo. A fé tem de ser experimentada, porque é dessa forma que permanecemos em Cristo.

"Jardins Bíblicos em Jerusalém"
Réplica do poço de Jacó em Sicar
“Ora, no seu último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva.” – João 7: 37-38

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